quarta-feira, 22 de abril de 2015

Uma canção me puxou ao mar,
Sequer percebi que lá não era o meu lugar,
Em certo ponto, a pressão me fez ficar surdo,
E já na água, esquecia o quanto sempre fui imundo.

Pouco me importava com o afogamento,
Meus pés não estavam mais preso no cimento,
Diante à morte inevitável, senti cada segundo,
Mesmo com pouco tempo, ali eu tinha um novo mundo,
Não me importava com a morte de meus sonhos,
Ali não havia destruição causada por colonos.

Acreditei que meu lugar não era na superfície,
Eu estava vivendo longe de qualquer crise,
Mergulhando em rumo da bela morte,
Onde o sol não servia mais como holofote,
Tendo apenas o canto em minha mente,
Sem ouvir os grito que me faziam ir em frente.

Talvez ali encontrei a fórmula de felicidade,
Onde o sempre estava por toda a parte.
Poderia facilmente abandonar a vida,
Deixar-la para trás, triste e ferida.
Próximo de esquecer aquilo que me move,
Construindo um exílio, só porque lá fora chove.

Mas, por minha sorte, o canto parou,
E em um choque de realidade, vi quem sou,
Senti a raiva no meu sangue,
Percebi que vermelho a água tange, 
Percebi a expansão de todas minhas feridas,
Notei o quanto a água consegue ser ríspida.

Sem o canto, percebi toda minha dor,
Lembrei um mundo sempre cheio de cor,
Percebo agora que essa vida nunca foi para mim,
Talvez, nunca tivesse conseguido viver assim,
Estou longe de ser o que você anseia,
Obrigado por todo esse tempo, jovem sereia.

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